É precisamente nos laços amorosos que se localiza o gozo mais precioso das mulheres.
Os homens, por outro lado, geralmente não lidam bem com isso; suas defesas obsessivas os impedem, o que suscita nas mulheres queixas tais como: "Tenho que lutar sozinha pela nossa relação, tudo eu, e ele nada".
Assim é! Quem, a não ser elas mesmas, poderia lutar por seu gozo precioso?
O que ocorre quando as mulheres deixam de lutar pela relação amorosa, deixando-a a cargo dos homens? Quando a parceria entre um homem e uma mulher é controlada pelo homem, o que pode suceder?
A mortificação poderá impregnar a parceria, conformada a uma insípida rotina obsessiva
- "Podemos fazer isso amanhã, hoje não";
- "Tal dia faço isso e tal dia você faz aquilo" - conduzindo ao tédio e ao declínio do seu desejo sexual e, consequentemente, também ao declínio do desejo na mulher, já que no apaixonamento o desejo masculino é condição essencial para o gozo feminino.
Assim, o convite de Miller - "Senhoras, amem-nos" - representa uma súplica em nome dos homens, não em nome das mulheres, pois ele estava falando como homem, como se estivesse dizendo para as mulheres: "Não nos deixem mumificados, mortos, em nossa armadura obsessiva".
E nos convoca a interrogar: o que se passa com muitas mulheres atualmente, que parecem ter se esquecido do amor?
Fonte: Lêda Guimarães - Gozos da mulher