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Marcia Telles

O homem hipermoderno

Diante das mulheres supostamente liberadas, independentes e capazes, que se apresentam com o brasão "não acredito no amor", este novo homem pós-amor-cortês permanece felizmente como um soldado remanescente de uma guerra perdida, que não desistiu da vertente adorável da luta entre os sexos e propõe um terreno de trégua.


Este novo homem, que não renunciou ao seu anseio de ser amado por uma mulher, em vez de fazer declarações de amor - pois as mulheres já não acreditam mais nas palavras de amor - formula sua súplica pela via do semblante, utilizando sabiamente algumas estratégias próprias à histeria. Vestindo-se com uma nova roupagem, o homem hipermoderno fez surgir o "metrossexual", que tenta feminizar-se com os adereços propostos pelas mulheres atuais, desse modo entregando-se a elas como seu novo brinquedo. E deixando-se feminizar, faz um apelo ao romantismo, súplica muda deste homem tão fragilmente dependente do amor de uma mulher para manter-se vivificado em sua armadura obsessiva.

Assim, a posição de desvirilizado tem sido uma estratégia apaziguadora que o novo homem vem utilizando para criar laço de amor com as mulheres. Para preservar o amor que aí poderá ser nutrido, ele já se apresenta através de um semblante de castrado, destituído de qualquer potência fálica que faça recordar alguma sombra daquilo que as feministas definem como "machismo". Cultivam assim um declínio do viril como um modo de fazer apelo ao amor.












FONTE: Lêda Guimarães - Gozos da mulher


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