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  • Marcia Telles

Quanto menos rumo, maior a pressa


Foi o século XX que deu valor à velocidade. Estamos com pressa. Hoje o certo é que tudo seja despachado e rápido, basta de moleza, corra!


Tempo de espera, tempo para pensar, não é atributo que numa pessoa decidida possa ser tolerado. É necessário fazer rápido, consumir rápido e ir atrás de outra coisa pois não há tempo para tudo.


Com a perda da transcendência e a certeza de que vida é só esta, o homem começou a correr atrás do tempo. Acredita que a vida é curta e colocou o pé no acelerador. Há um culto à velocidade, às máquinas velozes, aos automóveis, aos aviões, aos computadores que encarnam os ideais da modernidade também por serem rápidos.


Como se não bastasse inventou-se o fast food, nem na mesa nos permitimos um tempo maior. O campo dos prazeres também foi invadido pela urgência e pela mecânica fabril. Corra e ninguém duvidará de que você é ocupado, e portanto, útil e produtivo.


É no trânsito que colhemos as piores frutos dessa crença. Um jovem ao volante quando dirige acima do razoável está apenas tentando ser moderno como lhe é pedido o tempo todo. Nossa estradas estão cheias de apressados artificiais que quanto menos rumo tem maior a pressa. No altar desse deus sádico do espaço/tempo sacrificamos muitas vidas, mas parece que nada apazigua sua voracidade.


E convenhamos, qualquer clínico sabe o quanto a pressa é uma das máscaras da angústia, vamos ver quanto tempo ainda levaremos para nos dar conta disso.










Fonte: ZHora

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