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Bullying nas escolas

Marcia Telles

O ambiente escolar, de modo geral, é o lugar onde a criança começa a perceber que não é o centro das atenções. Aprender a dividir, esperar a sua vez, aceitar o outro e lidar com desejos não realizados são questões trabalhadas na escola, e que propiciam também o início dos relacionamentos sociais fora da esfera familiar.


Porém, quando pais ou educadores não conseguem mediar de forma adequada este processo de inserção social do indivíduo, a situação acaba fugindo do controle. As crianças muitas vezes aprendem a utilizar a força para resolver seus conflitos e desacertos. Uma espécie de “vale tudo” para fazer a própria vontade.


Esse modelo de conduta vem sendo observado com frequência também dentro das escolas. Trata-se do chamado Bullying, um termo considerado novo, mas que carrega consigo atitudes e motivações ocultas bem antigas. Apelidos dolorosos, sarcásticos, cenas de humilhação pública entre outras ações, conseguiram marcar a vida de muitas pessoas que, na infância, foram vítimas ou testemunharam essas práticas.


Os personagens básicos desta forma indesejável de relacionamento preocupam muito: tanto o agressor – aquele que pratica o bullying, quanto o agredido/oprimido da situação. São, no caso das escolas, crianças e jovens que precisam de apoio e mediação dos educadores para que possam construir novas formas de se relacionar, baseadas na empatia e no respeito mútuo.


Como esta situação se inicia e porque tende a se perpetuar caso não ocorra uma ação efetiva por parte dos educadores?

Percebemos que, muitas vezes, este processo começa com alguns “disparadores”, tais como as características físicas das crianças (ser alto, baixo, ruivo, negro), sociais (religiões diferentes, vestimentas pouco usuais, sotaques distintos) e também emocionais (ser mais tímida, ter pouca habilidade para se expressar). Ou seja, tudo começa quando a criança possui algo que a torne diferente ou quando tem algum atributo pouco valorizado pelo grupo.


Em uma reportagem da Revista Veja, publicada em 11 de Junho de 2014, um destes disparadores foi retratado com mais ênfase: as intervenções cirúrgicas que crianças e jovens se submetem para acabar com a “orelha de abano”, também conhecida como orelha de abdução, uma característica com a qual muitas pessoas nascem e que é apontada como causa número 1 de bullying nas escolas. “As crianças afetadas se recolhem, interagem pouco com os amigos durante a aula, e essa vergonha pode prejudicar o aprendizado”, afirma a psicopedagoga, Nívea Fabricio.


Os agressores, aqueles que praticam o bullying muitas vezes pertencem a um meio social que tende a rejeitar agressivamente aquele que é considerado diferente, outras vezes precisa provar seu valor confirmando como positivas as próprias características, além de reforçar sua autoestima de ações que subjugam os, assim considerados, mais fracos.


Por outro lado, as vítimas de bullying geralmente não esboçam reação por sentirem-se incapazes, mesmo quando precisam buscar alguém para compartilhar suas angústias. Não dispõem de recursos, status ou habilidades para reagir, e acabam por perpetuarem-se neste papel. Muitos passam a ter um baixo rendimento escolar e até mesmo se recusam a ir ao colégio.


Portanto temos uma situação de papéis complementares e, caso não haja a intervenção de um terceiro que quebre esta relação e ajude seus personagens a construírem novas habilidades de relacionamento, ela tende a permanecer inalterada.


Cabe então à escola, espaço de aprendizagem e formação, ser este terceiro personagem, interromper esse ciclo vicioso através do desenvolvimento de atividades baseadas na cooperação, participação e iniciativa, auxiliando os alunos e oferecendo a eles um novo padrão de comportamento a ser imitado e valorizado.






Sem fonte.

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