O cidadão deste fim de século está sempre na idade errada. Vive a infância como um pequeno adulto, cheio de compromissos e direitos. Como é a crença que ali se forma todo o caráter, todos os olhares estarão atentos. Chegada a adolescência e o indivíduo já estaria no seu auge, no tempo de aproveitar a vida, claro que sem uma sabedoria para dar conta disso.
Terminada a adolescência surge o adulto como um fracasso da adolescência. Aliás, quando ela termina, pois todo adulto contemporâneo parece que tem uma conta com a adolescência que não foi de todo gozada. E a terceira idade, que já foi a fonte da sabedoria hoje é descartável, eles já não tem nada a nos dizer, estão obsoletos. Ou seja o carro está na frente dois bois, a sabedoria estaria na frente, na juventude, não mais na vivência. Por isso tantos pais não educam seus filhos, acham que nada tem a acrescentar. Invertemos a sociedade tradicional onde a sabedoria era a reserva moral dos experientes.
A ciranda começa assim: as crianças tentando chegar na adolescência, os adolescentes tentando gozar uma vida sem estarem preparados e prolongando esse período ad infinito. Os adultos com saudades da juventude mal vivida e com um medo de envelhecer. Enfim, gastamos muita energia tentando ser jovens.
Juventude é um valor também porque significa todas as escolhas possíveis, potencialmente o sujeito poderia ser tudo, escolher é perder. A aprendizagem, poda, corta asas, isto hoje não é elegante, nossas palavras de ordem são a potência e a liberdade. A vida vivida ensina da fragilidade e dos empecilhos, amamos a juventude que os ignora, celebramos a idade daquele que a vida ainda não domesticou.
Quando é que vamos viver a vida na idade em que estamos? Quando pararmos de crer que existe uma idade melhor do que a outra, e não vai ser por esses dias, pois não achamos a fonte da eterna juventude mas buscamos, de todos os modos, ser eternamente jovens.
Fonte: D.Corso