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Marcia Telles

Corpo e Emoção

Uma das contribuições de Wilhelm Reich para os estudos da personalidade humana foi sua teoria sobre o caráter, na qual ele propõe uma correlação entre a estrutura do corpo humano e a vivência das emoções. Isso é bem interessante! Estudos recentes no campo das neurociências têm demonstrado que há uma relação intrínseca entre corpo e mente, de forma que as experiências de um afetam ao outro. De certa maneira, essas descobertas recentes podem lançar alguma luz sobre as proposições de Reich, nos ajudando a entender melhor a extensão com que nossa forma física e nossa personalidade estão associadas.


A busca de entendimento dessa associação tem motivado alguns seguidores de Reich, pessoas que se debruçaram, ampliaram e aprofundaram a teoria reichiana do caráter. O mais difundido desses trabalhos é o de Alexander Lowen, que correlaciona a anatomia humana com o caráter tendo por base a Psicanálise. A partir da concepção reichiana de que as vicissitudes e fixações ocorridas ao longo das fases de desenvolvimento da libido (oral, anal, fálica, genital) gerariam um tipo específico de caráter, Lowen avança afirmando que: “Os diversos tipos de estrutura de caráter são classificados em cinco tipos básicos. Cada um deles tem um padrão peculiar de defesas tanto ao nível psicológico quanto muscular. Os cinco tipos são: esquizóide, oral, psicopático, masoquista e rígido“. Assim, na visão de Lowen, para cada um destes caráteres corresponderia um biotipo específico, ou seja uma estrutura corporal, um modelo de corpo próprio.


É instigante a tentação de encontrar uma correspondente emocional para a forma dos nossos corpos, até mesmo porque a maioria das pessoas gasta tempo demais tentando ter um corpo que, a princípio, não corresponderia à sua estrutura física geneticamente pré-definida. Então, a possibilidade de que o corpo que temos seja, também, um produto das nossas experiências emocionais, torna o desafio da mudança física muito mais rico e desafiador. Principalmente porque, talvez, a solução para o corpo ideal não seja copiar as formas de uma outra pessoa, mas entender e harmonizar as nossas próprias. Partindo do pressuposto de que o nosso corpo reflete o que sentimos e pensamos, “ouvir” o que cada parte dele tem a dizer pode nos ajudar a nos conhecermos melhor.



Texto: Angelita - 2011



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