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Marcia Telles

Ano Novo: a dificuldade do Dependente Químico no período de festas



Existem certas épocas do ano que são bastante convidativas a excessos. Nesta categoria encontramos as festas de final de ano, Natal e Réveillon. Culturalmente, elaboramos mesas fartas na ceia de Natal, regadas a bons vinhos para familiares e amigos. No Réveillon, criamos a expectativa de ter um excelente início de ano para um restante de ano simplesmente fora da curva.


Você pode não querer participar deste modo e pensar no Natal e Réveillon como meros feriados na sua escala de trabalho, mas é difícil ausentar-se deste clima cultural que se instala na medida em que estas datas se aproximam. Noticiários dão ênfase às datas, o comércio adapta seus produtos, iniciam-se as programações de “amigo oculto” no ambiente de trabalho, proliferam-se encontros e convites em torno deste período. É tempo de festas! E, obviamente, é tempo de riscos para pessoas com problemas com álcool e outras substâncias.


Por que esta época do ano pode oferecer riscos a estas pessoas?

Como comentamos, é uma época de excessos variados. Está em nosso calendário cultural. Observamos os outros a nossa volta e nos sentimos propensos a imitar seus comportamentos. Estamos sob influência de uma forte pressão social, ainda que disfarçada. Ficar de fora dos hábitos de um determinado grupo pode fantasiosamente envolver não comungar das consequências e sentimentos positivos ali presentes.


Também é uma época em que permitimos a quebra de diversos protocolos. Isso quer dizer que somos mais indulgentes conosco: “depois de tudo que passei este ano, acho que eu mereço…” ou “depois de tudo o que realizei neste ano, nada mais justo que…”. Tendemos a abrir concessões e permissões. Seja em função das glórias ou derrotas sofridas neste ciclo de ano, acreditamos MERECER.


Além disso, convivemos com dizeres culturais que nos exigem estar felizes e contentes nestas datas, muito embora possamos não estar nos sentindo desta maneira. Em razão disso, podemos desejar “aditivar” nossa felicidade neste período com álcool e outras substâncias. Ou, mesmo que não estejamos nos sentindo tristes, a ideia de fazer a situação ficar bastante memorável e especial pode nos incentivar a recorrer a este aditivo.


Por outro lado, beber, fumar ou usar alguma outra substância também pode funcionar como um modo de lidar com as emoções negativas. Por exemplo, é comum Natal ser uma data propensa a relembrarmos de entes que não estão mais entre nós ou a ficarmos reflexivos e introspectivos quando vivemos um momento de solidão neste período. Réveillon pode evocar sentimento de frustração quando erroneamente se idealiza a virada do ano ser perfeita.


Isso quer dizer que o uso de substâncias é inevitável nesta época do ano?

De maneira nenhuma! O que devemos fazer é primeiramente reconhecer tais influências, modificar algumas crenças sobre tais situações, bem como nos planejarmos adequadamente para estes momentos.


Mas como fazer isso?

Primeiro, se a situação de Natal ou Réveillon é inevitável, devemos nos planejar para elas oferecerem menos riscos de cedermos às tentações deste período. Isso envolve planejar, na medida do possível, frequentar ambientes menos permissivos ao álcool e demais substâncias. Passar a noite de ano novo em uma festa “open bar” pode ser mais ameaçador para uma recuperação que passar a noite em um local de bebida “a la carte”. Algumas pessoas cuja mudança seja recente podem se beneficiar de ficar por um período reduzido nestas festas e sair mais cedo ou encontrar o que fazer com as mãos vazias de um copo de cerveja ou taça de espumante, por exemplo.


Em segundo lugar, seja ativo na definição do lugar que você ocupará na família ou na turma, inclusive na hora do brinde. Procure algo alternativo ao que beber, por exemplo. O grupo raramente modificará suas práticas em relação a um de seus membros. Deste modo, defina o seu lugar como o lugar de alguém que não irá beber e seja capaz de dizer não. Se isto lhe parece difícil, recrute ajuda de um terceiro ou hesite a participação em prol de seu bem-estar no dia seguinte.


Além disso, é importante aprender o valor da experiência de não aditivar sua felicidade e se permitir experimentar um bem estar condizente com a situação que está vivendo. Igualmente importante é reconhecer que não temos a obrigação de estarmos felizes. Sentimos o que sentimos.


Por fim, lembre-se que celebrar não deve ser sinônimo de beber ou usar qualquer tipo de substância! Procure explorar outras formas de celebrar estes e outros momentos.




Retirado do Blog de César Oliveira


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