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  • Marcia Telles

Orientação para os pais

Se o seu filho começou a beber antes ou aos 13 anos, tomou a primeira dose longe de casa e com desconhecidos, hoje bebe quase todos os dias ou diariamente, ingere cinco ou mais doses e ainda toma porres com frequência, é melhor começar a se preocupar. Essas são algumas das características de jovens que poderão sofrer um maior impacto na vida por conta do consumo de bebida alcoólica.

Seja por problemas precoces de saúde, de dependência química ou pelos frequentes abusos no consumo do álcool, esses estudantes foram apontados pela pesquisa do portal educacional (www.educacional.com.br) como jovens que estão no grupo de risco.

“Os pais devem estar atentos a três fatores que classifiquem se seu filho tem ou poderá ter dependência química: referências sociais, como pais, amigos ou parentes que influenciam a beber e com frequência; psicológicas, como autoestima, ansiedade e depressão; e genética, no caso de familiares que sofram de vícios”, explica a psiquiatra Ana Cecília Marques.


Abra os olhos! 10 Coisas que você precisa saber sobre o seu filho


1 – Observe se seu filho mantém níveis razoáveis de higiene e vaidade. Jovens costumam ser muito vaidosos. Na adolescência, a aceitação do grupo é fator preponderante, por isso os jovens tendem a investir muito tempo na manutenção da aparência física. Mas, cuidado! Observe o estilo do seu filho, muitas vezes a displicência e o aparente desleixo percebido pelos adultos pode ser apenas a forma de se vestir de uma “tribo”. Manter o cabelo “despenteado” pode ser um sinal de vaidade tão forte quanto fazer chapinha toda semana! O fato é que a negligência com o próprio corpo, o desinteresse pela própria imagem, pode ser um indício de baixa auto-estima, e o envolvimento com drogas pode acentuar isso.


2 – Preste atenção à forma como seu filho expressa as emoções. Ele se sente confortável para rir e chorar na frente das pessoas, principalmente os mais íntimos? Ele consegue demonstrar raiva sem perder o controle repetidamente? Ele alterna demais os estados de humor ao longo do dia: hora irritado, hora depressivo, hora agitado, ansioso, triste quase sempre…Dificuldade acentuada para lidar com as próprias emoções pode indicar baixa auto-estima, e a variação de humor é quase sempre agravada pelo uso de drogas.


3 – Avalie a vida social do seu filho. Ele tem amigos? Ele apresenta os amigos à família? Ter uma vida social também é um sinal de autoconfiança e auto-estima positiva. Vida social não implica um milhão de amigos, se o seu filho anda sempre com um/dois amigos pode ser apenas porque ele é introvertido. O que define se a auto-estima vai bem ou não é se ele está satisfeito com os amigos que tem. Outra coisa é que quando o filho confia nos pais é comum ele querer compartilhar a vida social dele com a família. Isso não significa que ele vai contar tudo para papai e mamãe, mas que ele deseja que haja um intercâmbio entre os vários mundos que ele habita. Quando o filho tem uma vida social completamente desconhecida dos pais é preocupante, pode ser um sinal de que as companhias não são as melhores, ou de que os pais não estão dando a devida atenção ao filho…é aí que a droga encontra espaço para entrar na rotina de um jovem.


4 – Ao dialogar com o seu filho, observe o discurso dele, e compare com a prática. Ele faz o que diz? Ele se contradiz quando tem de contar a mesma história mais de uma vez? Ele condena nos outros hábitos e comportamentos que ele tem? Quando há coerência entre o que sentimos, pensamos e fazemos nos sentimos mais seguros e confiantes. Jovens suscetíveis às drogas tendem a apresentar maiores contradições entre o que dizem e fazem, pois eles costumam ser mais inseguros e tendem a ter uma visão distorcida deles mesmos. Mas, o exemplo parental é fundamental: pais que falam uma coisa e fazem outra podem estabelecer um padrão familiar de comportamentos e discursos contraditórios. Nesse caso, o filho pode só estar reproduzindo a lição aprendida em casa.


5 – Observe como o seu filho lida com as responsabilidades. Ele tende a assumir os próprios erros ou arruma culpados? Na maioria das vezes, ele costuma se organizar para cumprir as tarefas no prazo ou procrastina excessivamente? Ele espera que você, ou outro alguém, resolva os problemas para ele, ou ele “vai à luta”? Ele gasta mais do que tem e acha que é sua responsabilidade cobrir os gastos? Sentir-se responsável pelos próprios atos costuma ser um sinal de maturidade que previne o envolvimento com as drogas. Jovens acostumados à responsabilidade tendem a avaliar mais cuidadosamente as consequências das suas atitudes e, por isso mesmo, tendem a se envolver menos em situações de risco. Só que quem ensina responsabilidade ao filho são os pais. Você tem feito isso?


6 – Fique atento para a forma com que o seu filho lida com as dificuldades e os obstáculos. Ele desiste facilmente? Ele se desespera? Ele arruma culpados externos para as próprias derrotas? A dificuldade de lidar com o fracasso, a dúvida, o medo e a incerteza, assinala uma baixa tolerância à frustração. Pessoas com essa dificuldade tendem a querer “fugir” dos problemas, seja evitando as situações que as desafiam e as colocam em teste, seja eximindo-se da responsabilidade pelo ocorrido, seja por meio das drogas.


7 – A quantas anda o nível de agressividade do seu filho? Observe as reações do seu filho quando ele é contrariado. Ele reage agressivamente quando é apanhado fazendo algo que não deveria? Ele tem desafiado consistentemente a sua autoridade e a de professores? Ele tem se apropriado de dinheiro, ou bens, da casa sem autorização? Quando um jovem começa a reagir com excesso de agressividade à autoridade dos adultos, pode ser um sinal de que ele não está em harmonia com os próprios atos. A culpa, e o sentimento de pouca valia, quase sempre acompanham as respostas emocionais de um jovem quando ele sente que está fazendo algo que pode decepcionar/magoar os pais. Às vezes, a dificuldade de lidar com esse sentimento pode levá-lo a reagir agressivamente. Agressividade sem controle pode ser um sinal de que as drogas atingiram seu filho, pois elas potencializam não apenas o comportamento agressivo como o sentimento de culpa do usuário.


8 – Você diria que seu filho tem facilidade para postergar a gratificação? Ou seja, ele é capaz de adiar uma atividade de lazer, uma satisfação imediata, para realizar uma tarefa com prazos e critérios? Seu filho é capaz de se empenhar num projeto, seja aprender tocar guitarra ou um cursinho pré-vestibular, do começo ao fim? Jovens que não têm um projeto, um objetivo, um sonho pessoal pelo qual estão dispostos a fazer alguns sacrifício, tendem a ser mais suscetíveis ao apelo das drogas. Aparentemente, na superfície, as drogas oferecem satisfação imediata sem a exigência de esforço.


9 – Preste atenção ao quanto o seu filho busca a sua opinião sobre os mais variados assuntos. Se o seu filho nunca conversa com você, talvez ele se sinta intimidado. Isso ocorre quando os pais tendem a julgar os filhos, desqualificando a opinião deles. Se você já se informou o suficiente, e por isso tem uma opinião formada sobre drogas, não se sinta no direito de simplesmente impor o seu ponto de vista. Ouça o que o seu filho tem a dizer, explique como você chegou à sua conclusão, ofereça argumentos racionais sobre o assunto. Quando os filhos não confiam na capacidade dos pais de orientá-los, eles se sentem perdidos. Jovens perdidos e sem orientação são presas mais fáceis para as drogas.


10 – Fique atento ao comportamento do seu filho, e procure conhecer a pessoa que ele é: como anda o desempenho escolar do seu filho? Ele está satisfeito com os amigos que tem? Ele se envolve em atividades de lazer? Ele namora ou quer namorar alguém? Do que ele gosta? Que tipo de música ele curte? Onde ele gosta de ir quando sai com os amigos? O que ele valoriza nas pessoas? Quais são os sonhos dele?…Alterações bruscas no comportamento podem ser um sinal de problemas, em especial os de ordem emocional. A perda de interesse nas coisas que antes pareciam prazerosas pode indicar frustração e desencanto com a vida. As drogas sempre se infiltram onde há falta de perspectivas. Quanto mais você conhecer o seu filho, mais chances você tem de perceber as mudanças que ocorrerem com ele, e de saber se essas mudanças são fruto do próprio desenvolvimento dele ou se são um sinal de que algo não vai bem.



Maurílio Mendonça - Jornal A Gazeta/ES – 04/10/2009


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