Marcia Telles

9 de dez de 2016

Viver não dói - Definitivo, como tudo o que é simples.

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
 

 
Por que sofremos tanto por amor?
 

 
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
 

 
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
 

 
companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.


 
Sofremos por quê?
 

 
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
 

 
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
 

 
amigo, para nadar, para namorar.


 
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
 

 
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
 

 
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
 

 
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.


 
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
 

 
A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!!
 

 
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no
 

 
amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
 

 
A dor é inevitável.
 

 
O sofrimento é opcional.


 
Carlos Drummond de Andrade
 

 

 

 

#Vivernãodói